21 abril 2008

João Brígido


João Brígido nasceu em 3 de dezembro de 1829 na cidade de São João da Barra (RJ), mas viveu no Ceará desde pequeno. Combativo, polêmico e destemido, começou a atuar na imprensa aos 21 anos, trabalhando no Jornal "O Araripe", no Crato. Trabalhou ainda no jornal "O Cearense" ao lado do Senador Pompeu. Foi professor do Liceu do Ceará e atuou por vários anos na política, tendo exercido mandatos de deputado e senador, até que em 1903, fundou seu próprio jornal, "O Unitário", onde fazia oposição mordaz à oligarquia de Nougueira Accioli. Escreveu alguns livros sobre história do Ceará, como "Apontamentos para a história do Cariri" (1888) e "Ceará: Fatos e Homens". Fez também muitas crônicas históricas com temáticas cearenses, a principal é "Fortaleza em 1810", publicada no "Unitário". Umas das mais preciosas descrições da cidade no início do século XVIII. Faleceu em 14 de outubro de 1921, em Fortaleza.

Joaquim Távora

Joaquim do Nascimento Fernandes Távora nasceu em Jaguaribe (CE) , em 1881. Seu irmão Juarez Távora participou dos movimentos rebeldes da década de 20 e teve destacada participação na vida política nacional após a Revolução de 1930.

Militar e engenheiro civil, Joaquim Távora freqüentou a Escola Militar de Porto Alegre. Em 1922, comandava o 17º Batalhão de Caçadores, sediado em Corumbá (MT), quando liderou a rebelião nesse estado, em solidariedade ao levante deflagrado no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, contra o governo de Artur Bernardes, dando início ao ciclo de levantes tenentistas daquela década. Preso nessa ocasião, foi libertado em fevereiro do ano seguinte através de habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Militar (STM) a todos os implicados no movimento de 1922.

Em fins de 1923, após desertar do Exército, aderiu a uma nova conspiração contra o governo federal, articulada sob o comando do general Isidoro Dias Lopes. Viajou, então, pelos estados de Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais em busca de apoio ao movimento. Na capital paulista estabeleceu contato com o major Miguel Costa, da Força Pública estadual. Após sucessivos adiamentos, o levante foi iniciado na cidade de São Paulo em 5 de julho de 1924, data escolhida em homenagem ao levante do Forte de Copacabana. Joaquim Távora, ocupando posição de destaque na rebelião, foi o responsável pela prisão do general Abílio de Noronha, comandante da 2ª Região Militar. A capital paulista caiu sob o controle dos rebeldes por três semanas e o presidente do estado, Carlos de Campos, abandonou a cidade. Em seguida, Joaquim Távora foi ferido quando comandava um ataque ao 5º Batalhão de Polícia.

Morreu dias depois, em consequência dos ferimentos, em São Paulo.

Heráclito Graça

Heráclito Graça (H. de Alencastro Pereira da G.), advogado, magistrado, jurista, político, jornalista e filólogo, nasceu em Icó, CE, em 18 de outubro de 1837, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de abril de 1914. Eleito em 30 de julho de 1906 para a Cadeira n. 20, na sucessão de Pedro Rabelo, foi recebido em 26 de novembro de 1919, pelo acadêmico Lauro Müller.
Era filho do conselheiro José Pereira da Graça, barão do Aracati, e de Maria Adelaide da Graça, e tio de Graça Aranha. Realizados os estudos primários e secundários, fez os preparatórios na cidade do Recife, onde se diplomou, em 1857, na Faculdade de Direito. Deixou já como acadêmico um rastro brilhante de sua extraordinária inteligência e dedicação aos estudos. Depois de formado, foi viver com a família no Maranhão, onde seu pai era desembargador. Exerceu a magistratura, começando como promotor de Justiça em São Luís. Findo o primeiro quadriênio, pediu demissão, consagrando-se à advocacia, à política e ao jornalismo.
Fez parte do Partido Conservador. Fundou A Situação, jornal em que defendeu as idéias do partido. Simultaneamente trabalhava em um semanário literário que também tinha a colaboração de Joaquim Serra, Gentil Braga, Trajano Galvão e outros. Não só no jornalismo político, senão no literário, via-se nele o futuro mestre da língua, tal o cuidado e esmero com que escrevia e a paixão que tinha pelos estudos da língua portuguesa.
Maranhense adotivo, elegeu-o o Maranhão representante na Câmara da província em duas legislaturas. Em 1968 foi eleito para a assembléia geral, legislatura 1869-1872; dissolvida esta, foi presidente da Paraíba. Reeleito deputado para a legislatura 1872-1875, e para a seguinte, que também foi dissolvida; foi designado para presidir o Ceará em fins de 1874.
Na Câmara, registrou-se a atuação que ele teve nos debates da reforma judiciária (1871), do recrutamento eleitoral (1875), da Lei do Ventre Livre. Na administração da Paraíba e do Ceará, exerceu o governo com correção e coerência a seus princípios. A probidade de caráter, a austeridade de suas medidas e a independência das atitudes o incompatibilizaram logo com as correntes políticas dominantes.
Em 1877, voltou ao Rio de Janeiro, indo a princípio advogar em companhia de José de Alencar, de quem era grande amigo. Além de profundo conhecedor do vernáculo, era ainda jurista eminente, e, como tal, o barão do Rio Branco convidou-o para advogado do Brasil nos tribunais arbitrais com o Peru e a Bolívia, sendo depois disso nomeado consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, cargo que ocupava quando faleceu.
Além de tantas atividades, era no estudo da língua que ele encontrava a maior satisfação, anotando pacientemente os clássicos e mais sistematicamente o Elucidário de Viterbo, ao fim do qual escreveu: "O Elucidário contém 6.143 vocábulos, foram acrescidos 7.457, perfazendo o total de 14.600." Isso mostra o seu grande saber e capacidade de trabalho, e também a sua modéstia, pois era avesso à publicidade do que escrevia e realizava. Mesmo o único livro que publicou, resultou de circunstância especial.
Logo que apareceram os três volumes das Lições práticas da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo, o filólogo Heráclito Graça publicou no Correio da Manhã, de 26 de fevereiro a 16 de novembro de 1903, sob a epígrafe "Notações filológicas", uma série de artigos de refutação àquele mestre, esmiuçando, com clareza e logicidade admiráveis, os problemas lingüísticos por ele tratados, não só nos mencionados artigos, mas ainda nos que publicou no Jornal do Commercio, sob o título "O que se não deve dizer". Em 1904, reuniu em volume o que ele próprio chamou de "meus pobres reparos a alguns pontos filológicos e vernáculos do Sr. Cândido de Figueiredo" no livro intitulado Fatos da linguagem: esboço crítico de alguns assertos do sr. Candido de Figueiredo.
Obra: Fatos da linguagem (1904). Nova edição, com prefácio do historiador Raimundo Girão, foi organizada em 1968, pela Secretaria da Cultura do Ceará.

Gustavo Sampaio

Jovem Tenente do Exército morto por uma granada a 10 de outubro de 1893, quando comandava o reduto militar numa revolta na fortaleza de Laje, no Rio de Janeiro. Seu nome está ligado à participação das guerras da Marinha Brasileira.

Gustavo Barroso

Gustavo Dodt Barroso (Fortaleza, 29 de dezembro de 1888Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1959) foi um advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista brasileiro.
Foi um dos líderes nacionais da Ação Integralista Brasileira e um dos seus mais destacados ideólogos.

Eleito em 8 de março de 1923 para a Cadeira n. 19, na sucessão de D. Silvério Gomes Pimenta, foi recebido em 7 de maio de 1923, pelo acadêmico Alberto Faria.

Filho de Antônio Filinto Barroso e de Ana Dodt Barroso, fez os seus estudos nos externatos São José, Parthenon Cearense e Liceu do Ceará.

Cursou a Faculdade Livre de Direito do Ceará, bacharelando-se em 1911 pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.

Foi redator do Jornal do Ceará (1908-1909) e do Jornal do Commercio (1911-1913); professor da Escola de Menores, da Polícia do Distrito Federal (1910-1912); secretário da Superintendência da Defesa da Borracha, no Rio de Janeiro (1913); secretário do Interior e da Justiça do Ceará (1914); diretor da Revista Fon-Fon (a partir de 1916); deputado federal pelo Ceará (1915 a 1918); secretário da Delegação Brasileira à Conferência da Paz de Venezuela (1918-1919); inspetor escolar do Distrito Federal (1919 a 1922); diretor do Museu Histórico Nacional (a partir de 1922); secretário geral da Junta de Juriconsultos Americanos (1927); representou o Brasil em várias missões diplomáticas, entre as quais a Comissão Internacional de Monumentos Históricos (criada pela Liga das Nações) e a Exposição Comemorativa dos Centenários de Portugal (1940-1941). Participou do movimento integralista. Embora não concordasse com o rumo dos acontecimentos a partir de 1937, manteve-se fiel à doutrina filosófica do integralismo.

Estreou na literatura, aos vinte e três anos, usando o pseudônimo de João do Norte, com o livro Terra de Sol, ensaio sobre a natureza e os costumes do sertão cearense. Além dos livros publicados, sua obra ficou dispersa em jornais e revistas de Fortaleza e do Rio de Janeiro, para os quais escreveu artigos, crônicas e contos, além de desenhos e caricaturas. A vasta obra de Gustavo Barroso, de cento e vinte e oito livros, abrange história, folclore, ficção, biografias, memórias, política, arqueologia, museologia, economia, crítica e ensaio, além de dicionário e poesia. Pseudônimos: João do Norte, Nautilus, Jotanne e Cláudio França.

Sua atividade na Academia Brasileira de Letras também foi das mais relevantes. Em 1923, como tesoureiro da instituição, procedeu à adaptação do prédio do Petit Trianon, que o Governo francês ofereceu ao Governo brasileiro, para nele instalar-se a sede da Academia. Exerceu alternadamente os cargos de tesoureiro, de segundo e primeiro secretário e secretário-geral, de 1923 a 1959; foi presidente da Academia em 1932, 1933, 1949 e 1950. Em 9 de janeiro de 1941 foi designado, juntamente com Afrânio Peixoto e Manuel Bandeira, para coordenar os estudos e pesquisas relativos ao folclore brasileiro.

Era membro da Academia Portuguesa da História; da Academia das Ciências de Lisboa; da Royal Society of Literature de Londres; da Academia de Belas Artes de Portugal; da Sociedade dos Arqueólogos de Lisboa; do Instituto de Coimbra; da Sociedade Numismática da Bélgica, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de vários Estados; e das Sociedades de Geografia de Lisboa, do Rio de Janeiro e de Lima.

Obras


  • Terra do sol. Natureza e costumes do Norte (1912);
  • Praias e várzeas (1915);
  • Idéias e palavras (1917);
  • Heróis e bandidos: os cangaceiros do Nordeste (1917);
  • Tradições militares (1918);
  • Tratado de Paz (1919);
  • A ronda dos séculos (1920);
  • Mosquita muerta (1921);
  • Casa de marimbondos (1921);
  • Ao som da viola (1921);
  • Mula sem cabeça (1922);
  • Pergaminhos (1922);
  • Coração da Europa (1922);
  • Uniformes do Exército (1922);
  • Alma sertaneja (1923);
  • Antes do bolchevismo (1923);
  • Mapirunga (1924);
  • O anel das maravilhas (1924);
  • Livro dos milagres (1924);
  • O sertão e o mundo (1924);
  • En el tiempo de los Zares (1924);
  • O ramo de oliveira (1925);
  • Tição do inferno (1926);
  • Através dos folclores (1927);
  • Almas de lama e de aço (1928);
  • A guerra do Lopez (1928);
  • A guerra do Flores (1929);
  • A guerra do Rosas (1929);
  • Mythes, contes et legendes des indiens du Brésil (1930);
  • A guerra de Vidéo (1930);
  • A guerra de Artigas (1930);
  • O Brasil em face do Prata (1930);
  • Inscrições primitivas (1930);
  • O bracelete de safiras (1931);
  • Aquém da Atlântida (1931);
  • A ortografia oficial (1931);
  • A senhora de Pangim (1932);
  • Osório, o Centauro dos pampas (1932);
  • Luz e pó (1932);
  • Mulheres de Paris (1933);
  • As colunas do templo (1933).
  • O santo do brejo (1933);
  • Tamandaré,
  • o Nélson brasileiro (1933);
  • O integralismo em marcha (1933);
  • O integralismo e o mundo (1933);
  • Colônia de banqueiros (1934);
  • O integralismo de norte a sul (1934);
  • O quarto império, integralismo (1935);
  • A palavra e o pensamento integralista (1935);
  • O que o integralista deve saber (1935);
  • Brasil - História secreta do Brasil, 3 vols. (1936, 1937 e 1938);
  • A destruição da Atlântida, 2 vols. (1936);
  • Espírito do século XX (1936);
  • Os protocolos dos sábios de Sião (1936);
  • Os civilizados (1937);
  • A sinagoga paulista (1937);
  • Integralismo e catolicismo (1937);
  • Amaçonaria: seita judaica (1937);
  • Judaísmo, maçonaria e comunismo (1937);
  • Pequeno dicionário popular brasileiro (1938);
  • Corporativismo, cristianismo e comunismo (1938);
  • O livro dos enforcados (1939);
  • Coração de menino (1939);
  • O Brasil na lenda e na cartografia antiga (1941);
  • Liceu do Ceará (1941);
  • Consulado da China (1941);
  • Portugal - Semente de impérios (1943);
  • Anais do Museu Histórico Nacional, vols. I a V (1943-1949);
  • Caxias (1945);
  • Seca, Meca e Olivais de Santarém, descrições e viagens (1947);
  • Fábulas sertanejas (1948);
  • As sete vozes do espírito (1950);
  • História do Palácio
  • Itamarati (1953).

General Antônio Tibúrcio

ANTÔNIO TIBÚRCIO FERREIRA DE SOUZA, nasceu em 11 de agosto de 1837 e faleceu em 28 de março de 1885, filho de Francisco Ferreira de Souza e Margarida Ferreira de Souza.

Aos 14 anos, sentou praça, como voluntário, no "Meio Batalhão de Infantaria", com sede na Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.

Era um velho atrevido, de outra geração, mas fiel ao Imperador. Depois do término da guerra ele se tornou General.

Exerceu altos cargos militares, começando como Praça no Batalhão de Linha em Fortaleza, por volta de 1851 fora ao Rio de Janeiro para a Corte, onde foi incorporado ao 1º Batalhão de Artilharia.

Demonstrando inclinação para as ciências exatas, foi posteriormente nomeado professor da referida Escola, onde lecionou as disciplinas Física e Química.

Seria posteriormente dispensado do cargo de professor para seguir para o Paraguai, saindo-se vitorioso nas batalhas empreendidas, recebendo várias condecorações.

Com eclosão da Guerra da Tríplice Aliança, partiu para frente como 1º Tenente de Artilharia.

Combateu, também, durante alguns meses, na Engenharia e depois se transferiu para a Infantaria.

No Comando do 16º Batahão de Infantaria e, mais tarde, do Batalhão de Voluntários da Pátria Cearense, consolidou a fama de um dos mais valorosos e bravos líderes em combate, tendo conquistado a promoção a major por bravura diante do inimigo.

No pós-guerra exerceu várias comissões de destaque, como o de Inspetor das Fortificações do Amazonas e do Comando da Escola de Infantaria.

Em 1869, com 32 anos passou a comandar o 26º Batalhão de Voluntários Cearenses.

Participou de várias batalhas, entre elas: Corrientes, Riachuelo, Ilha do Cabrito, Tuyuti, Peripeuy, Rojas, Estero, Ballaço, Caraguatay, Campo Grande, etc.

Foi condecorado com a Medalha da Campanha Oriental, a Ordem do Cavalheiro da Rosa e foi nomeado Oficial do Cruzeiro.

No Pós-Guerra exerceu várias comissões de destaque,como o de Inspetor das Fortificações do Amazonas e o Comando da Escola de Infantaria e Cavalaria, em Porto Alegre.

A Estátua do General Tibúrcio existente numa das praças de sua terra natal. Foi inaugurada a 11 de agosto de 1937, por ocaisão das grandes solenidades com que a cidade serrana no norte do Estado comemorou a passagem do 1º centenário de nascimento de seu ilustre filho. No pedestal, vê-se o escultor que executou o trabalho, professor Agostinho Balmés Odísio.

Foi promovido a brigadeiro (atual general-de-brigada) com 43 anos.

Intransigente defensor do abolicionismo tentou sem sucesso, eleger-se senador pelo Ceará.

Era contrário a todo tipo de servidão humana.

A Cópia da tela existente no Quartel da Força Pública do Estado do Ceará, reproduzida pelo pintor cearense Gerson Farias original existente na Prefeitura de Fortaleza, do pincel de Vitor Meireles. Representa Tibúrcio, então capitão de artilharia, num assalto ao Forte de Itapirú (Campanha do Paraguai)a 10 de abril de 1866.

Era possuidor de ampla cultura e pendor para as letras.

A 28 de março de 1885, Tibúrcio deixou de existir.

Morreu em Fortaleza, na capital da Província que lhe serviu de berço, justamente a que, trinta e quatro anos atrás, o receber jovem mancebo ainda, com o indiferentismo natural à humildade de seu nome, longe de supor que, alguns lustros mais tarde, havia de honrar a terra que ele queria demais e que nunca esqueceu.

O seu enterro foi um dos mais concorridos que, na época, assistiu à cidade de Fortaleza. Um imenso concurso de povo acompanhou o féretro até o cemitério, como sinal de pofunda mágua que causava a perda do ilustre cearense que era uma afirmação gloriosa do patriotismo nacional.

General Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa - Tela existente no Museu Histórico do Estado do Ceará de autoria do artista cearense J. Carvalho.

Os oficiais do 11º Batalhão de infantaria, então de parada na capital da antiga Província, e outros militares, amigos do general Tibúrcio, carregaram o caixão até o campo santo.

Aí oraram, com profundo sentimento e emoção, os srs. capitão Carlos de Miranda Santos, acadêmico Abel Garcia e alferes aluno Barbosa Lima, que lembraram a sua vida militar, cheia de nobres sentimentos pelos seus atos de bravura.

Por iniciativa da Escola Preparatória de Fortaleza foi trasnlado os restos mortais do General Tibúrcio do Cemitério São João Batista para a praça que lhe conserva o nome, ali ao lado do antigo Palácio do Governo.

Em 1º de janeiro de 1898, Viçosa do Ceará ergueu-lhe uma estátua em honra ao filho querido.

No dia 11 de agosto de 1837, data de seu centenário, Viçosa reinaugurou o monumento de General Tibúrcio.

Condecorações

Medalha de Prata de Corrientes - Foi-lhe conferida essa medalha, comemorativa do combate da cidade de Corrientes, de 25 de maio de 1865, pelo Congresso Argentino.

Meedalha de Prata de Riachuelo - Foi condecorado com a medalha de prata comemorativa da batalha naval de Riachuelo, por ter tomado parte nesse feito, destacado no vapor "Beberibe", passando-se depois para o "Belmonte"

Cavalheiro da Imperial Ordem do Cruzeiro - A 3 de janeiro de 1866, foi-lhe conferido o Grau de Cavalheiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, por se haver distinguido no ataque de Corrientes, a 25 de maio do ano anterior

Cavaleiro da Ordem da Rosa - Por decreto de 27 de junho de 1866, foi-lhe conferido o Grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa, pelos serviços prestados na defesa da Ilha Cabrita, a 10 de abril.

Oficial da Ordem da Rosa - Por decreto de 17 de agosto de 1866, foi lhe conferido o Grau de Oficial da Ordem da Rosa, pelos serviços prestados em campanha, de 16 e 17 e 2 e 24 de maio.

Comendador da Ordem da Rosa - Por decreto de 13 de abril de 1867, foi-lhe conferido o Grau de Comendador da Ordem da Rosa pelos serviços prestados nos combates de 16 a 18 de julho de 1866.

Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro - Por decreto de 11 de abril de 1868, foi-lhe conferido o Grau de Oficial da Ordem do Cruzeiro pelos serviços prestados no combate de Estabelecimento.

Medalha de Mérito Militar Foi-lhe conferido o uso da medalha de Mérito Militar, pelos combates de 12 a 18 de agosto de 1869.

Dignatário da Ordem da Rosa - Por decreto de 6 de setembro de 1870, fi-lhe conferido o Grau de dignatário da Ordem da Rosa, pelos serviços prestados nos combates de 2, 4, 8 de maio de 1869, das Cordilheiras.

Medalha de Prata da Campanha do Uruguai - A 15 de dezembro de 1869, foi público ter-lhe sido conferida a medalha de prata da Campanha do Uruguai, em atenção aos relevantes serviços prestados na mesma campanha.

Medalha Geral da Capmpanha do Paraguai - A 24 de outubro de 1871, foi público ter-lhe sido conferida a medalha Geral da Campanha do Paraguai com o passador de ouro e o número quatro indicativo dos anos em que serviu no exército em operações.

Distinção

Por portaria do Ministro da Guerra de 1 de julho de 1879, foi-lhe permitido o uso de uma espada de honra que lhe foi oferecida pela Escola de Tiro de Campo Grande.

General Antônio de Sampaio

Antônio de Sampaio (Tamboril, Ceará, 24 de maio de 1810Buenos Aires, 6 de julho de 1866), oficial do Exército Brasileiro, herói da Guerra da Tríplice Aliança, comendador da Imperial Ordem da Rosa, patrono da arma de infantaria.

Filho de Antônio Ferreira de Sampaio, ferreiro de profissão, e Antônia Xavier de Araújo, desde cedo manifestou interesse pela carreira militar. Em 1830, aos vinte anos de idade, alistou-se como voluntário nas fileiras do então 22º Batalhão de Caçadores, tendo galgado os diversos postos por mérito: Alferes (1836), Primeiro-tenente (1839), Capitão (1843), Major (1852), Tenente-coronel (1855), Coronel (1861), General (1864) e Brigadeiro (1865).

Destacou-se na maioria das campanhas militares do Período Regencial e do Segundo Reinado:

Foi condecorado por seis vezes, no período de 1852 a 1865, pelo imperador D. Pedro II.

À frente da 3ª divisão do exército imperial, apelidada de Divisão Encouraçada, composta pelas lendárias companhias Arranca-Toco, Vanguardeira e Treme-Terra, lutou nas operações de transposição do rio Paraná, na batalha da Confluência e na batalha do Estero Bellaco. Na batalha de Tuiuti (24 de Maio de 1866, ironicamente a data de seu aniversário, considerada como a maior batalha campal já travada na América do Sul, Sampaio foi gravemente ferido três vezes: por estilhaços de granada, gangrenou-lhe a coxa direita; outras duas vezes atingiram-lhe as costas.

Evacuado do campo de batalha, faleceu a bordo do transporte de guerra Eponina, que o conduzia para Buenos Aires. Sepultado naquela capital, seus restos mortais foram repatriados em 1969, sepultados no Cemitério de São João Batista, em Fortaleza. Desde 24 de maio de 1996 seus restos mortais repousam em um mausoléu, erguido no Quartel-General da 10ª Região Militar.

Franklin Távora

Franklin Távora (João F. da Silveira T.), advogado, jornalista, político, romancista, teatrólogo, nasceu em Baturité, CE, em 13 de janeiro de 1842, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18 de agosto de 1888. É o patrono da Cadeira n. 14, por escolha do fundador Clóvis Beviláqua.

Era filho de Camilo Henrique da Silveira Távora e de Maria de Santana da Silveira. Fez os primeiros estudos em Fortaleza. Em 1884 transferiu-se com os pais para Pernambuco. Fez preparatórios em Goiana e Recife, em cuja Faculdade de Direito matriculou-se em 1859, formando-se em 1863. Lá viveu até 1874, tendo sido funcionário, deputado provincial e advogado, com breve intervalo em 1873 no Pará, como secretário de governo. Em 1874, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde viveu como funcionário da Secretaria do Império. Foi jornalista ativo, redigindo A Consciência Livre (1869-1870) e A Verdade (1872-73).

Iniciou a vida literária ainda estudante. No que se pode chamar a sua fase recifense, publicou os contos da Trindade maldita (1861); os romances Os índios do Jaguaribe (1862); A casa de palha (1866); Um casamento no arrabalde (1869); os dramas Um mistério de família (1862) e Três lágrimas (1870).

No Rio de Janeiro, teve influência na vida literária, fundando e dirigindo com Nicolau Midosi a Revista Brasileira (2a fase), de que saíram dez volumes de 1879 a 1881. Ao mesmo tempo, inicia uma fase de reconstituição do passado pernambucano, marcadamente regionalista, tanto na ficção quanto na investigação histórica. Fez cerrada campanha contra José de Alencar, por não concordar com o seu romantismo idealista. É tido como um dos precursores do Realismo, embora os seus romances ainda sejam grandiloqüentes e românticos. No romance O sacrifício (1879), são evidentes as concepções naturalistas. Intérprete literário de um regionalismo que se vinha exprimindo ideologicamente desde o início do século, defendeu o que chamava uma literatura do Norte, em oposição a uma literatura do Sul, considerada cheia de estrangeirismos e antinacionalismo. Pseudônimos: Semprônio e Farisvest.

Fundou a Associação dos Homens de Letras e foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Dragão do Mar

Francisco José do Nascimento nasceu em 15 de abril de 1839, em Canoa Quebrada, Ceará. De família de pescadores, foi criado pela mãe, a rendeira Matilde, e ficou conhecido por muitos anos como o Chico da Matilde. Seu pai morreu tentando a vida num seringal na Amazônia, quando Francisco José ainda era garoto.

Tendo que trabalhar muito cedo, começou como menino de recados a bordo do navio Tubarão. Depois passou à profissão de prático, para finalmente chegar a prático-mor da barra do Porto de Fortaleza. Francisco José só aprenderia a ler aos 20 anos de idade.

A seca que assolou o Ceará entre os anos de 1877 e 1879 desorganizou a produção do estado e matou de fome, de varíola e de cólera mais de um quarto da população. Durante a tragédia, foi organizada uma campanha de socorro às vítimas e Francisco, ao participar do esforço de ajuda à população, conheceria João Cordeiro, o então comissário-geral dos Socorros Públicos. O laço entre os dois se estreitaria com a causa abolicionista.

Arrasados pela seca e pelo cólera, os grandes proprietários escravistas do Ceará, para minimizar seus prejuízos, procuraram vender seus escravos aos fazendeiros do sudeste, onde havia grande demanda de mão-de-obra em função do cultivo do café. O preço era favorável. Mas, para isto, era preciso embarcá-los no Porto de Fortaleza.

Ao longo da década de 1880, começaram a surgir sociedades civis engajadas na luta abolicionista, como a Sociedade Cearense Libertadora, fundada em 1880, e que tinha João Cordeiro como presidente. Esta sociedade teve apoio incondicional de Francisco, que chegou a ser eleito seu diretor. Sob o slogan de “no Ceará não se embarcam escravos”, os jangadeiros, liderados por Francisco, impediram o embarque de cativos, bloqueando o porto. Francisco foi ameaçado com perseguições e com uma ação judicial por crime de sedição. Mas graças à sua vigilância e ação firme, o porto se manteve inviolável. Sem alternativa, os senhores de escravos acabaram concordando com a liberdade de seus cativos.

A notícia espalhou-se rapidamente em todas as cidades, sendo decretado o fim da escravidão no estado do Ceará. Em 1884, o estado foi o primeiro a abolir a escravidão, quatro anos antes do restante do Brasil.

O jangadeiro Francisco José do Nascimento foi herói da abolição no Ceará. Sua bravura no bloqueio do porto de Fortaleza, impedindo o embarque de escravos, rendeu-lhe o apelido de Dragão do Mar.

Em 25 de março de 1884, os abolicionistas da Corte levaram-no ao Rio de Janeiro para uma visita de 15 dias, com direito a desfile ao longo da cidade e festas em sua homenagem.

Com o advento da República, João Cordeiro assumiu brevemente a presidência do estado. Nessa ocasião, entregou ao Dragão do Mar a patente de Major-Ajudante de Ordens do Secretário-Geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará, em reconhecimento de sua bravura. A Guarda Nacional era uma das corporações mais importantes do estado brasileiro e com grande visibilidade social.

O Dragão do Mar faleceu em 1914 em Fortaleza.

Figueira de Melo

Coronel Comandante do 26° Batalhão dos Voluntários da Pátria morto, acidentalmente, por um de seus soldados na Guerra do Paraguai em 29 de outubro de 1866.

Farias Brito

Raimundo de Farias Brito, escritor e filósofo brasileiro, nasceu em São Benedito, Estado do Ceará em 24 de julho de 1862 e faleceu no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1917; entre várias de suas obras destacamos "A Filosofia Como Atividade Permanente do Espírito Humano" e "Finalidade do Mundo", onde notamos acentuado esforço pela busca da verdade.

Como se nasce com o poder para as artes, para a medicina ou matemática, Farias Brito nasceu com o pendor para a filosofia, cultivando essa inclinação apesar do meio adverso, onde poderíamos dizer, sem exagero, que sua voz clamava no deserto, dado a escassez de leitores de assuntos filosóficos em sua época.

A Filosofia, segundo o autor, é um trabalho perene que o espírito assume no sentido de ver, com progressiva clareza, o mundo com totalidade dentro da qual a consciência desenvolve sua atividade. Consciência e espírito se identificam em Farias Brito. Trazer à luz aquilo que está encoberto e se apresenta ao homem como enigma é a missão essencial da Filosofia, por isso mesmo, trata-se de uma atividade permanente e aberta ao infinito. Jamais esclareceremos toda a realidade, mas é nosso dever buscar essa clareza.

O direcionamento principal que o autor dá aos seus estudos é, sem dúvida, no campo da consciência; onde consiste em se entender, através do método de introspecção, o composto humano e o seu lugar no conjunto da natureza e da existência cósmica.

Partimos, pois, para uma breve síntese de seu pensamento, onde escolhemos duas atividades principais, "O Homem e o Mundo" e a "Finalidade do Mundo", atividades estas que, segundo Farias Brito, revelam a busca de um estado maior da consciência humana.

"O HOMEM E O MUNDO"

Colocado no mundo, sem saber de onde vem, nem para onde vai, o homem conhece o peso da existência principalmente por essas duas necessidades em torno das quais se reunem todas as outras: a necessidade de alimentar-se que se faz sentir por intermédio da fome, e a necessidade de aprender, menos ativa, porém mais elevada, resultante das funções intelectuais. Assim pode-se admitir duas vidas distintas na existência humana: a vida do corpo que é sua face externa e a vida do espírito que é sua face interna subjetiva.

A reconstrução do corpo se opera por meio da nutrição; a do espírito por meio do conhecimento, de modo que o trabalho que garante o desenvolvimento material e o estudo que garante o desenvolvimento da vida do espírito, são as condições de todo o progresso.

Ora, o conhecimento adquire-se mediante esforços contínuos. A humanidade encontra dificuldades enormes em sua marcha ascendente e é só depois de mil tentativas inúteis e não rara vez com grandes sacrifícios que vai conseguindo aumentar o tesouro de seus conhecimentos; e ainda assim a verdade que lhe serve de guia, acha-se ordinariamente cercada de uma infinidade de erros.

Daí lutas contínuas, por tal modo que a história, pelo menos no que tem relação com o movimento intelectual, não é mais que a história das lutas constante da verdade contra a superstição e o erro. Resulta-se, portanto, o visível mal estar geral refletido no estado de pertubação e ansiedade que se acham presentemente reduzidos todos os povos.

Mas, todavia, não pode o homem, em virtude desse fato, esmorecer e julgar que para si mesmo e o mundo não há salvação e que a humanidade caminha em direção a um fim caótico e sem volta; mas, ao contrário, o homem tem o direito e o dever de buscar uma solução para os embates da vida, percebendo que se veio ao mundo desconhecido de si, é causa isso somente do estado de ignorância em que se encontra.

"A FINALIDADE DO MUNDO"

A natureza tem o seu maior enigma no próprio homem, pois para o homem ela existe, como também é voltado para ele a sua própria finalidade; finalidade esta, que deve ser encontrada na indagação do significado real da imensidão que o cerca, como também, na interrogação dos segredos da consciência, de maneira que possa o homem, compreender a parte que está representando no mundo.

Pelo aspecto físico ou materialista, entendemos o mundo como ele nos representa fisicamente, o que compreende sua natureza externa, palpável, em cuja a face abriga a humanidade e onde essa realiza sua luta pela sobrevivência. Já pelo aspecto subjetivo, que é o aspecto fundamental a ser estudado; compreende-se basicamente na função de trazer à luz da consciência, a finalidade mesma do mundo e da função ao qual o homem está predestinado à cumprir.

Entendemos, pois, que o destino do homem, como o destino do espírito em geral, é aperfeiçoar-se, e dar maior extenção possível às suas energias, e alcançar em todas as manifestações de sua atividade, o mais alto grau de desenvolvimento; numa palavra é dominar; mas é preciso distinguir duas espécies de domínio: o domínio do homem sobre a natureza e o domínio do homem sobre si mesmo.

O primeiro alcança-se pelas ciências da matéria, o segundo, pela ciência do espírito. Logo, podemos seguramente conceber, à luz da razão, que a finalidade primordial do homem no mundo é conhecer, e que, por conseguinte, a finalidade do mundo que o abriga é existir para o conhecimento.

Para finalizar despeço-me com umas das principais meditações de Farias Brito:

"Há pois a luz, há a natureza e há a consciência.
A natureza é Deus representado, a luz é Deus
em sua essência e a consciência é Deus percebido".

Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva

Nasceu a 31 de outubro de 1863, na cidade de Quixeramobim. Foram seus pais Antônio Rodrigues da Silva e Maria Batista Vaz e Silva. Em março de 1881 matriculou-se no Seminário de Fortaleza, recebendo a tonsura a 30 de novembro de 1884; um ano depois recebia ordens menores e em 13/07/1886 era subdiácono. Recebeu o diaconato em 30 de novembro do mesmo ano e o presbiterato em 19 de junho de 1887, das mãos de D. Joaquim José Vieira, segundo bispo do Ceará. Foi vigário de Missão Velha e depois professor e reitor (1893-1897) do Seminário São José em Crato. Assumiu a Paróquia Nossa Senhora da Penha em 23 de maio de 1900. Foi um dos responsáveis pelos passos iniciais que deram origem à Diocese de Crato em 1914. Nomeado bispo de Crato, em 10/03/1915, foi sagrado em Salvador – Bahia, a 31 de outubro de 1915. Assumiu o pastoreio diocesano em 1º de janeiro de 1916. Seu lema episcopal era: Patientia et doctrina. Faleceu no dia 28 de dezembro de 1929 em Crato.

Padre Cícero

O Padre Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março de 1844, no Crato, Ceará, filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Foi batizado no dia 8 de abril pelo Padre Manoel Joaquim Aires do Nascimento, tendo como padrinhos seu avô paterno, Romão José Batista e uma tia materna, Antônia Ferreira Catão.

Aos 7 anos, começou a estudar com o professor Rufino de Alcântara Montezuma e fez sua Primeira Comunhão na matriz do Crato. Aos 12 anos, passou a ser aluno do latinista Padre João Marrocos Teles, professor, por concurso, da cadeira de Latim, criada no Crato por D. Pedro I e com essa idade fez o voto de castidade, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales, como ele próprio afirma no seu testamento. Seu pai, sabendo dos seus progressos na aula régia do prof. João Marrocos, o matriculou no famoso colégio do Padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras, Paraíba. Em 1862 interrompeu seus estudos e retornou ao Crato para cuidar da sua mãe e irmãs solteiras, devido a morte inesperada de seu pai, vítima da cólera-morbo.

Em março de 1865, ingressou no Seminário de Fortaleza, para seguir a carreira eclesiástica, onde é ordenado em novembro de 1870. Regressando ao Crato, em 1871, cantou a sua primeira missa no altar de Nossa Senhora da Penha, na Matriz do Crato e durante esse ano foi professor no colégio ali fundado por José Marrocos. Em abril de 1872, com 28 anos de idade, retorna ao povoado de Juazeiro, onde fixou residência definitivamente.

Iniciou a melhoria da capela do Juazeiro, dedicada a Nossa Senhora das Dores, padroeira do lugar, onde desenvolveu o seu trabalho pastoral, conquistando, desde então, a simpatia da comunidade.

Em 1889, ocorreu a primeira manifestação dos poderes milagrosos a ele atribuídos, quando a hóstia colocada na boca da beata Maria de Araújo se transformou em sangue. O médico Marcos Madeira atestou como sobrenaturais os fenômenos por ele vistos e estudados das hóstias que se transformavam em sangue. Foi chamado à Fortaleza pelo bispo Dom Joaquim José Vieira para um AUTO DE PERGUNTAS sobre o que estava ocorrendo em Juazeiro, para onde é enviada uma primeira Comissão de Inquérito que confirma o que está ocorrendo e envia ao bispo um relatório considerando todos os fenômenos como sendo coisa divina. O bispo não acata nem acredita no relatório, nomeando uma outra Comissão de Inquérito, tendo à frente o Mons. Antonio Alexandrino de Alencar, que mandou buscar a beata Maria de Araújo ao Crato. Ao ministrar-lhe o hóstia esta não se transforma mais em sangue. A Comissão fez um relatório desmentindo tudo e considerando um embuste o ocorrido em Juazeiro e envia-o ao bispo que o acatou, assinando uma portaria, na qual estipulava as seguintes sanções contra o Padre Cícero: ele não podia mais celebrar em Juazeiro, confessar nem pregar na diocese. Era também terminantemente proibido de falar sobre o assunto dos milagres e atender aos romeiros.

Padre Cícero viajou então a Roma, onde teve uma audiência com o Papa Leão XII sendo absolvido de suas penas. Porém o Bispo do Ceará, Dom Joaquim Vieira, publicou a sua pastoral nº 4, decidindo que o sacerdote não poderia celebrar, confessar ou fazer sermões, enquanto não viesse de Roma o decreto de reabilitação.

Proibido de exercer suas funções eclesiásticas, tentou ajudar o povo de Juazeiro através do ingresso na vida política. Com a transformação de Juazeiro em município, foi nomeado pelo governador do Ceará, Nogueira Acioli, prefeito de Juazeiro. Em 1914, a Assembléia Legislativa do Ceará reuniu-se e, por maioria, reconheceu o Padre Cícero como 1º Vice-Governador do Estado.

Em 1916, ele recebeu do novo bispo da diocese do Crato, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, permissão para celebrar na Igreja de Nossa Senhora das Dores, após 24 anos de proibição. Voltando a celebrar começou a receber maior número de romeiros. Alguns comerciantes haviam mandado fabricar medalhas com a sua efígie o que não agradou ao novo bispo. Quando solicitou autorização a Dom Quintino para ser padrinho de uma criança que ia batizar-se, o bispo desgostoso com a notícia de que estavam vendendo medalhas com o retrato do Padre, negou a autorização para apadrinhar e determinou que, a partir daquela data, não mais deveria celebrar.

Ferido, não se revoltou nem reagiu. Aceitou com humildade a decisão do seu bispo, dedicando-se totalmente ao bem da sua cidade de Juazeiro. Era um nome famoso, líder do povo do Nordeste, conselheiro de milhões de pessoas. O povo amava o seu padrinho sofredor. Morreu, no dia 20 de julho de 1934, às 5h da manhã, aos 90 anos, sendo enterrado no dia 21, na presença de mais de 70 mil pessoas.

Fontes consultadas:

BARBOSA, Geraldo Menezes. História do padre Cícero ao alcance de todos. Juazeiro do Norte:Edições ICVC, 1992. 166p.
OLIVEIRA, Amália Xavier de. O Padre Cícero que eu conheci: a verdadeira história de Juazeiro do Norte. 3.ed. Recife: FJN. Ed. Massangana, 1981. 344p.

20 abril 2008

Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho

Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho (São Bernardo das Russas, 23 de setembro de 1826Aparecida, 19 de agosto de 1894) foi um sacerdote católico e nono bispo de São Paulo.
Era filho de Joaquim José Rodrigues de Carvalho e de Alexandrina Rodrigues de Carvalho.

Estudos

Seus pais eram professores e com eles teve os primeiros estudos. Em 1848 partiu para Olinda, sede do bispado, onde ingressou no seminário, numa época de reformas, empreendidas principalmente por Dom frei João da Purificação Marques Perdigão OSA, bispo de Olinda, e por Dom Romualdo Antônio Seixas, arcebispo da Bahia. Este espírito reformador marcou muito a personalidade do seminarista Lino.

Presbiterado

Foi ordenado pelo próprio Dom frei João da Purificação Marques Perdigão OSA. Após a ordenação, foi nomeado pároco de Russas, onde também lecionou. Foi secretário do bispo do Ceará e deputado provincial., pelo Partido Conservador, em 1856.

Episcopado

Tendo sido indicado bispo de São Paulo por Dom Pedro II, Imperador de Brasil; a 21 de maio de 1871, aos 44 anos, e foi confirmado, por breve do Papa Pio IX, em 28 de julho de 1872.

Foi sagrado bispo, em São Paulo, no dia 9 de março de 1873, sendo sagrante principal Dom Luís Antônio dos Santos, então bispo do Ceará e depois arcebispo da Bahia. Tendo a saúde debilitada, solicitou a Roma um bispo auxiliar, no que foi atendido em 26 de agosto de 1892, com a nomeação de Dom Arcoverde. Dom Lino foi bispo de São Paulo até 19 de agosto de 1894, quando veio a falecer, em Aparecida, aos sessenta e sete anos, durante uma Visita Pastoral.

Brasão

  • Descrição: Escudo eclesiástico. Em campo de blau um cálice de jalde e, em chefe, uma estrela de cinco pontas do mesmo, tendo, à dextra e à senestra, dois ramos de carvalho de sinopla. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de ouro, entre uma mitra de prata adornada de ouro, à dextra, e de um báculo do mesmo, à senestra, para onde se acha voltado. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por seis borlas cada um, tudo de verde. Brocante sob a ponta da cruz um listel de blau com a legenda: IN OMNIBVS CARITAS, em letras de jalde.
  • Interpretação: O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. O campo azul é retirado das armas familiares do bispo – Carvalhos – bem como a estrela, que foi modificada de oito para cinco raios. O campo de blau (azul) representa o manto de Maria Santíssima e, heraldicamente, significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. A Estrela lembra a Virgem Maria, “Estrela da Manhã” e ”Aurora da Salvação” e, pelo seu metal jalde (ouro) simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. O Cálice lembra o santo sacrifício da missa, no qual o vinho é transubstanciado no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e o seu metal jalde (ouro) temo significado acima descrito. Por fim, os ramos de carvalho lembram o nome de família do bispo e seu ânimo forte para governar a diocese, sendo de sinopla (verde) representam: esperança, liberdade, abundância, cortesia e amizade. O lema: “Em tudo a caridade”, foi tirado da máxima de Santo Agostinho: "In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas” ( No imprescindível, unidade;na dúvida, a liberdade; em tudo, a caridade).


Atividade e contribuições

Dom Lino Deodato de Carvalho tomou posse em 6 de janeiro de 1873, por seu procurador o cônego Doutor Joaquim Manuel Gonçalves de Andrade, assumindo pessoalmente a 29 de junho do mesmo ano. Ele foi o último bispo de São Paulo indicado pelo imperador, porto que foi durante o seu governo que foi proclamada a república no Brasil, havendo a conseqüente separação entre a Igreja e o Estado. Reformou a diocese, começando pelo seminário, trocando a direção, que até então era dos frades capuchinhos de Sabóia, e passando-a ao padre João Evangelista Braga. Em 1888 convocou um Sínodo diocesano, insistiu na necessidade da boa formação do clero celibatário, na fidelidade doutrinária e na submissão total ao Romano Pontífice. Exigiu dos párocos a residência, de facto, em suas paróquias. Fomentou a catequese e criou trinta e oito novas paróquias. Instituiu a província do Paraná, com vigários gerais forenses sediados em Curitiba. Dom Lino sediou, em São Paulo a Conferência do Episcopado brasileiro de 1890. Em 28 de novembro de 1893, Dom Lino criou a paróquia de Aparecida, retirada do território de Guaratinguetá, e também concedeu à sua matriz o título de Santuário Episcopal. Com a imigração italiana, Dom Lino procurou seguir as orientações do Papa Leão XIII para o trato dos imigrantes. Dom Lino recebeu muitos padres estrangeiros, sendo que a maioria dos seculares eram italianos. Também recebeu o clero religioso, destacando-se os salesianos e escalabrinianos. Porém, nenhum dos padres italianos foram admitidos ao cabido em no seminário. Empreendeu, com diligência, suas Vistas Pastorais, tendo atenção extrema para com os Livros do Tombo. Escreveu vinte e uma Cartas Pastorais e inúmeras cartas circulares. Soube conduzir a Igreja de São Paulo na difícil transição do Império para a República.Teve sucesso na sua reforma da diocese, conseguindo aproximá-la do modelo romano desejado e mudando a mentalidade do clero.

Dom José Tupinambá da Frota

Dom José Tupinambá da Frota (Sobral, 10 de setembro de 1882 — Sobral, 21 de setembro de 1959) foi um bispo católico brasileiro.

Ingressou na Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, recebendo o grau de Doutor em Teologia e Filosofia em 1902.

Morou no Colégio Pio Brasileiro e em 1905 ordenou-se sacerdote. Retornou ao Brasil em 1906 tendo na cidade de São Paulo lecionado no Seminário Maior do Ipiranga.

Em 1908 é eleito vigário de Sobral, CE, e em 1916, criado o bispado da cidade é eleito, permanecendo no cargo por 43 anos tendo desempenhado profícuas realizações em Sobral: - fundou os Colégios Sobralense e Santana - o Patronato Imaculada Conceição - o Museu Diocesano - a Santa Casa de Misericórdia.

Estudioso da genealogia foi sócio correspondente da Academia Cearense de Letras, do Instituto do Ceará e do Instituto Brasileiro de Genealogia.

Publicou: - História de Sobral - Traços Biográficos de Manuel Antunes da Frota

Dom Joaquim Ferreira de Melo

Nasceu no Crato, Ceará, 31 de agosto de 1873 e faleceu em — Pelotas, 22 de setembro de 1940. Foi um bispo católico brasileiro.

D. Jerônimo Tomé da Silva

Dom Jerônimo Tomé da Silva (Sobral, 12 de junho de 1849Salvador, 19 de fevereiro de 1924) foi um bispo católico brasileiro. Foi o décimo primeiro bispo de Belém do Pará e vigésimo-primeiro arcebispo de Salvador. Filho do coronel João Tomé da Silva e Dona Maria da Penha Tomé da Frota.

Sua família o enviou a Salvador para que cursasse a Faculdade de Medicina da Bahia, mas ele preferiu a vida eclesiástica, partindo para a Europa em 1864. Doutor em Filosofia em 1869 e em Teologia em 1873 pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, ordenou-se sacerdote nesta cidade em 1872. Retornando a Fortaleza, foi professor de Filosofia do Seminário da Prainha.

Autor de obras religiosas e filosóficas, bem como de discursos memoráveis.

Foi sócio honorário do Instituto do Ceará e é um dos patronos da Academia Cearense de Letras.

Domingos Olímpio

DOMINGOS OLÍMPIO BRAGA CAVALCANTI, cearense de Sobral. Nasceu em 18 de setembro de 1850 e faleceu em 6 e outubro de 1906, no Rio de Janeiro. Advogado e jornalista.

Por sua composição "Luzia-Homem", publicada em 1903, é considerado um clássico, enquadrando-se no gênero "Ciclo das Secas", da Literatura Nordestina. Compôs várias peças teatrais, tendo se realçado também na carreira jornalística. Fundou e dirigiu a revista "Os Anais", onde publicou o romance "0 Almirante", deixando incompleto "Urapuru", também romance.

Alguns de seus romances são realistas, de cunho regionalista como se observa nos tipos e cenas que descreve. Sua prosa é exuberante, dúctil e pitoresca. É considerado o precursor do moderno romance brasileiro.

LUZIA-HOMEM

A ação de Luzia-Homem transcorre no Ceará, em 1878. A protagonista que confere título à obra, reúne qualidades físicas de homem e a beleza plástica de mulher. Integrada num grupo de retirante, logo sua figura soberba chama a atenção de homens diametralmente opostos: Crapiúna, soldado de maus bofes, e Alexandre, honesto e trabalhador.

Crapiúna, a fim de conseguir as boas graças de Luzia, arma uma calúnia contra Alexandre, e este é preso sob acusação de roubo. Graças à interferência de Teresinha, pobre desgraçada mas ainda animada por uns restos de virtude, tudo se esclarece e Crapiúna acaba sendo levado para a cadeia em lugar de outro.

Assim, Luzia e Alexandre podiam realizar seu sonho: ir para a praia com a mãe dela, velha entrevada, casar-se. Em caminho, Luzia, enveredando por um atalho, topa com Crapiúna, que fugira da prisão para vingar-se de Teresinha. Lutam, e o soldado apunhala a moça, em seguida despenca no precipício.

Delmiro Golveia

Ele exportava peles de bode para a moda de Nova Iorque um século antes de se ouvir falar por aqui no tal do mundo "fashion". Em 1913, plugou a caatinga na tomada, ao inaugurar a primeira usina elétrica do país. Os primeiros carros que assombraram os matutos, a fábrica, a terra irrigada, a patinação de rolamento, o cinema, o conhecimento do gelo. Tudo obra de Delmiro Gouveia (1863-1917), cearense que idealizou uma região onde a agricultura combinada à tecnologia de ponta faria até chover.

Os rastros de Delmiro, raquítico menino do mato que se fez grande empresário no Recife, estão espalhados e ajudam no combate à miséria da nação semi-árida por todos os cantos do Nordeste. Como em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), onde modernas técnicas de irrigação fazem daquela beirada do rio São Francisco um dos maiores pólos exportadores de frutas do país. Isso sem falar na verdade que está no vinho fino, sempre acompanhado de queijo de cabra, também fabricado por lá.

Encruzilhada de todos os sertões, Petrolina e Juazeiro juntam-se a outras ilhas de caatinga hightec, como Campina Grande (PB), que exporta softwares até para a China, e Sobral, na região da Ipu (CE) onde nasceu Delmiro, que surge com moderna indústria de calçados.

As coisas não correram com a marca do "avexamento" que o empreendedor cearense imaginava, mas as suas iniciais DM _ em estilo rococó _, como no seu ferro de gado, revelam-se a cada projeto de desenvolvimento dos sertões.

Na cidade alagoana batizada com o seu nome, antigo povoado de Pedra, a 300 km de Maceió, a Companhia Agro Fabril Mercantil (fundada em 1914), a primeira na América do Sul a fabricar linhas para costura e fios para malharia, emprega hoje 620 funcionários. Foi reaberta em 1992 pelo grupo Carlos Lyra, 62 anos depois do seu maquinário original ter sido atirado em um penhasco do rio São Francisco. Um grupo escocês comprou a empresa para destruí-la, livrando-se da concorrência no ramo.

O município de Delmiro Gouveia tem 19.462 habitantes. A mesma fábrica já chegou a empregar mil pessoas, durante os primeiros anos de funcionamento. Os operários tinham jornada de oito horas, além de moradia, creche, escola e assistência médica gratuitas. Inovações do empresário, no começo do século passado, que ainda hoje não vingaram no mapa do Brasil mais arcaico.

O poeta sertanejo Raimundo Pelado assim descreve os feitos do empreendedor: "Quando Delmiro chegou,/naquele triste lugar,/ aquilo era deserto/ de ninguém querer morar,/não tinha casa nem gente,/ nem estrada pra passar"

A peleja épica continua com os versos de Virgílio Gonçalves de Freitas: "Foi o grande Delmiro Gouveia/ que evangelizou o sertão/ que matava a fome alheia/ abrindo as portas à redenção".

Conselheiro Manuel do Nascimento Castro e Silva

Representou o Ceará nas cortes de Lisboa. Foi deputado geral em 7 legislaturas, senador e ministro do império. (1788 - 1846)

Clóvis Beviláqua

Clóvis Beviláqua (Viçosa do Ceará , 4 de outubro de 1859Rio de Janeiro, 26 de julho de 1944) foi um jurista, filósofo e historiador brasileiro.

Estudou na Faculdade de Direito de Recife. Dentre as várias carreiras jurídicas atuou como promotor público, membro da Assembléia Constituinte, secretário de Estado, consultor jurídico do Ministério do Exterior. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e era membro do Instituto Histórico e Geográfico.

Em 1883 publicou no Recife A filosofia positivista no Brasil, declarando-se um "monista evolucionista", formando, com outros da Escola do Recife, a corrente estritamente científica do positivismo, contra a tendência mística e religiosa, então forte no Brasil. Neste livro faz menção à transformação do positivismo em evolucionismo no norte do país, em que começava-se a buscar inspiração mais em Spencer e em Haeckel que em Comte, enquanto que no sul aquela filosofia se mantinha ainda ortodoxa.

Foi o autor do projeto do Código Civil Brasileiro em 1889, quando era Ministro da Justiça o jurista Epitácio Pessoa, Código promulgado mais tarde, em 1916.

Sua herma na Praça Paris é obra do escultor Honório Peçanha.

O jurista, filósofo, historiador e literato Clóvis Beviláqua nasceu na então Viçosa, hoje Viçosa do Ceará]] e era filho do padre José Beviláqua e Martiniana Maria de Jesus. Passou a infância na cidade natal, onde fez o curso primário. Aos dez anos seu pai o enviou a Sobral para receber educação superior à ministrada em seu torrão. Seguiu depois para Fortaleza, continuando os estudos no Ateneu Cearense e no Liceu do Ceará.

Em 1876, embarca para o Rio de Janeiro objetivando ultimar os preparatórios no Externato Jasper e no Mosteiro São Bento. Nesse período, o jovem Clóvis, então com 17 anos, dá início às suas atividades de homem das letras, fundando com Paula Ney e Silva Jardim, o jornal "Laborum Literarium". Em 1878, viaja para Recife matriculando-se no curso de Direito. Torna-se bacharel em 1882. Nesta cidade, teve uma vida acadêmica bastante intensa, pois ligou-se ao grupo de jovens responsáveis pela chamada "Escola de Recife", mobilizando o ambiente intelectual da época. Seguidor dos ideias positivistas na Filosofia, participou da Academia Francesa do Ceará, ao lado de Capistrano de Abreu, Rocha Lima e outros. Através de concurso público, em 1889, passa a lecionar Filosofia no Curso Anexo da Faculdade de Direito do Recife, e, logo após, torna-se responsável pela cátedra da Legislação Comparada.

Clóvis Beviláqua colaborou em diversos jornais e revistas (Revista Contemporânea, de Recife, Revista Brasileira, do Rio), e, em O Pão, publicação do movimento literário Padaria Espiritual do Ceará. Em 1894, publicou "Frases e Fantasias", dez escritos de ficção e reflexões pessoais. Professor dos mais respeitados, crítico literário com vários ensaios publicados e uma produção na área jurídica das mais sólidas, principalmente em livros de Direito Civil e Legislação Comparada, Clóvis Beviláqua era conhecido e respeitado nacionalmente quando foi convocado para ser sócio fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira catorze, cujo patrono era Franklin Távora. Essas mesmas condições levaram-no a ser chamado, em 1899, pelo então Ministro da Justiça Epitácio Pessoa, para escrever o projeto do Código Civil Brasileiro. Clóvis redigiu o projeto, de próprio punho, em apenas seis meses porém o Congresso Nacional precisou de mais de quinze anos para que fossem feitas as devidas análises e emendas. Sendo promulgado em 1916, passando a vigorar a partir de 1917 (apenas recentemente substituído pela lei 10.406 de 10/01/2002), pode-se afirmar que o Código Civil Brasileiro imortalizou Clóvis Beviláqua no cenário intelectual.

Foi nomeado, em 1906, Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores, cargo que ocupou até 1934, quando foi aposentado compulsoriamente. É interessante observar que em todo o tempo em que desempenhou a função de Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores não viajou ao exterior em nenhuma ocasião. Sua aposentadoria foi compulsória em razão da idade, imposta pela Constituição de 1934. Seu sucessor no cargo foi o jurista e escritor Gilberto Amado. É patrono da Academia Cearense de Letras. Decerto, Clóvis Beviláqua foi um dos maiores juristas brasileiros de todos os tempos.

Escreveu Comentários ao Código Civil Brasileiro, Teoria Geral do Direito Civil, Direito de Família, Direito das Obrigações, Direito das Sucessões, Direito das Coisas" e Direito Internacional Privado, entre outros.